Os ataques cibernéticos, apesar de não serem novidade, como a guerra de dados entre Rússia e Ucrânia chegaram a um nível que deve servir de alerta para governos e empresas ao redor do planeta
Que Rússia e Ucrânia entraram em guerra em fevereiro de 2022, todos sabemos. O que muita gente não sabe é que além dos tradicionais (e lamentáveis) ataques militares, esse conflito também se desenrolou no âmbito cibernético.
Como nunca antes na história, os dados estão em campo de batalha. E isso é muito relevante para o público em geral, e especificamente para quem se interessa pelo tema da cibersegurança.
É isso que vamos te ajudar a entender ao longo deste artigo.
Rússia x Ucrânia: uma rápida contextualização
Em uma guerra, a primeira vítima é sempre a “verdade”. Por isso, ainda é bastante cedo para entendermos todas as dimensões da investida de Vladimir Putin, o líder russo, contra a vizinha-irmã Ucrânia.
Ao quebrar a paz na Europa desencadeando uma guerra contra uma democracia de 44 milhões de pessoas, a justificativa de Putin era que a Ucrânia moderna, de inclinação ocidental, era uma ameaça constante. E que a Rússia não podia se sentir “segura para se desenvolver e existir” caso o estado ucraniano entrasse para a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Semanas de bombardeios, milhares de mortes e deslocamento de mais de 10 milhões de pessoas dentro e além da Ucrânia depois, a questão permanece: qual é o objetivo do Kremlin?
Isso nós, aqui no sul do planeta, só saberemos com mais clareza com a devida distância histórica requerida para análises de fatos tão marcantes. Resta-nos acompanhar a cobertura jornalística dos fatos e buscar a contextualização de cientistas políticos, entre outros especialistas.
Rússia x Ucrânia: a guerra de dados
Paralelamente, vale a pena pensarmos sobre a guerra cibernética que vem acontecendo neste conflito, que tem tudo a ver com segurança de sistemas e de informações.
Já há especialistas apontando essa guerra como um divisor de águas em termos de divergências geopolíticas, onde ataques no nível virtual devem dar a tônica dos confrontos entre países a partir de agora.
Para Stuart Madnick, professor de TI na MIT Sloan School of Management, Putin está usando este momento para testar seu “poder de bug”. “Para a Rússia, a guerra com a Ucrânia provavelmente serviu como um campo de testes para sua próxima geração de armas cibernéticas”, diz o estudioso em artigo publicado na Harvard Business Review.
A saber, mesmo antes de o primeiro míssil ser disparado em direção à Ucrânia, ciberataques vindos do Kremlin foram detectados — assim como em outros conflitos recentes nos quais a Rússia se envolveu.
“Horas antes [da conflagração], um tipo de malware circulou nos sistemas de computação do governo ucraniano, corrompendo dados. No início daquela semana, um ataque massivo de negação de serviço distribuído (DDoS) inundou sites de bancos ucranianos com tráfego, tornando-os inacessíveis”, afirma Elizabeth Gibney, na revista Nature.
Basicamente, a capacidade russa de usar a guerra cibernética para interromper as comunicações, a organização e os suprimentos dos inimigos tem chamado a atenção de especialistas ao redor do mundo.
Contudo, os especialistas também sinalizam que a Rússia não está usando toda sua expertise em ciberataques. Por uma questão de cálculo político ou, podemos arriscar, por saber que a ameaça pode ser mais eficiente que as ações em si — editando uma “Guerra Fria versão Século XXI”.
Por fim, vale acrescentar que a guerra cibernética entre Rússia e Ucrânia despertou o alerta de governo e corporações ao redor do mundo.
Como noticiou o Financial Times, “o ataque da Rússia levou as ações dos principais grupos de segurança cibernética a subir, já que os investidores acreditam que a demanda por estes produtos crescerá em meio ao medo de que os ataques cibernéticos no campo de batalha se espalhem para computadores em todo o mundo”.
Resumindo
Já é possível falar em guerra cibernética entre Rússia e Ucrânia. Não que o uso dos dados seja propriamente algo novo, mas a novidade é que um conflito “tradicional” com consequências globais foi permeado por investidas virtuais, com potencial para atingir todas as áreas de globo e empresas governamentais e privadas.
Para muitos especialistas, o Kremlin aproveitou o conflito bélico para testar suas capacidades de invadir sistemas, negar acesso a serviços essenciais, entre outras coisas. E isso deve servir de alerta para instituições e organizações ao redor do mundo.
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