Instituições financeiras brasileiras estão dando mais um passo rumo à adoção doblockchain em suas operações. Durante o Ciab Febraban, principal evento do setor financeiro, realizado nesta semana em São Paulo, o Grupo de Trabalho Blockchain (GT Blockchain), capitaneado pela Febraban, apresentou o primeiro protótipo com uso da tecnologia, desenvolvido de forma colaborativa por instituições financeiras.
O projeto em questão usa blockchain para compartilhar informações de segurança sobre dispositivos móveis usados por clientes nas relações com bancos. Com esses dados, bancos conseguem enriquecer seus sistemas antifraude para determinar se um dispositivo específico não é confiável, por exemplo. Neste caso, o não confiável poderia ser um aparelho roubado ou perdido, como explica Adilson Fernandes, coordenador do GT Blockchain.
O grupo, formado em 2016 – na época com 15 instituições -, atualmente conta com 18 empresas do setor, entre elas os cinco grandes bancos, bem como BNDES e Banco Central – dois “reforços” destacados por Fernandes.
“Tiramos o assunto blockchain da inércia do setor financeiro. Até então ninguém falava disso nos bancos. Fizemos estudos de cases nacionais e internacionais e ganhamos maturidade. No ano passado, fizemos duas provas de conceito para testar a tecnologia e nos últimos meses, com grau de maturidade mais acentuado, colocamos o produto em ambiente produtivo”, comentou Fernandes, durante coletiva de imprensa. “Tivemos uma enorme preocupação de não desenvolver algo aleatoriamente e, por isso, desenhamos toda uma arquitetura para nos nortear.”
No ano passado, o grupo realizou duas provas de conceito para testar diferentes plataformas usadas pelo blockchain. Os projetos avaliam a viabilidade de determinada solução tecnológica e, com isso, os integrantes do grupo criaram um cadastro bancário fictício para demonstrar o potencial da tecnologia e testar o desempenho de cada uma das plataformas. A escolhida é o Hyperledger Fabric, projeto do Linux Foundation.
O executivo explica que o projeto se trata apenas de um protótipo, pronto para uso, não de fato uma implementação de blockchain. Para decidir se a iniciativa dará resultado a algo concreto ou não, os bancos começarão a se reunir para definir os próximos passos.
“Está em avaliação e não significa que será adotado”, ponderou Fernandes, que prefere não estipular uma expectativa de definição por parte dos bancos.
O próprio Ciab é outra prova. Pela primeira vez o tema ganhou uma trilha inteira, com diversas discussões sobre o tema.
O fato é que, ao que parece, o tema tem unido os bancos. Basta andar pelos corredores do evento e encontrar com executivos de diversos bancos vestindo a mesma camisa, do GT. Casos de George Marcel, responsável por blockchain no Bradesco, e Richard Flavio da Silva, superintendente executivo do Santander, que apresentaram um dos painéis sobre o tema, ao lado de Fernandes, vestindo a camisa do GT.
Quem participa